quarta-feira, 13 de abril de 2011

A dificuldade de um ser

Quando ouvi a tua voz não consegui te entender, tentei te ver mas não te vi, tentei te compreender não te compreendi, tentei te amar não te amei, tentei dialogar tu não quiseste,  tentei te pedir ajuda tu não me ajudastes, te pedi cura tu não me curastes, andei caminhos tortuosos tu não me acompanhastes, tentei vingança tu não me ajudaras, cai tu não me levantaras.
Sai correndo até me cansar, sentei à beira de um rio e lá fiquei lembrando do meu passado; uma piabinha fazia acrobacias, os lírios brancos muito brancos transcendiam um perfume intenso, as águas não paravam de andar; no meu desespero olhei para o céu só vi nuvens brancas que andavam em uma estrada sem fim. As águas, a piabinha, os lírios, as nuvens, todos cumpriam o ciclo da natureza e nada pediam em troca.
Adormeci e o tempo passou sem que eu percebesse. Acordei não de um pesadelo, mas de uma paz tão grande que parecia infinita. A piabinha não estava mais lá, os lírios haviam murchado, as nuvens não estavam mais nos céus, só as águas continuavam no mesmo ciclo; fiquei pasmo e intrigado, pois tudo havia acontecido em um lapso da minha memória; todo aquele silêncio foi quebrado; soprou uma brisa suave, os lírios reviveram, já não era mais uma piabinha e sim um cardume; as águas tocavam uma melodia, olhei para os céus e as nuvens apareceram tão brancas como os lírios foi quando uma voz me disse: Olhas para o passado e verás que ainda tens o futuro.

A essência da vida não são palavras bonitas e profundas, é o amor a Deus e a humildade”.

O navegador

Naveguei pela vida, sorri para os que não me sorriam, chorei pelos ricos eles debocharam de mim, quando dividi um pedaço de pão com um pedinte uma outra pessoa também ali estava presente, não nos disse nada, porem uma alegria imensa invadiu os nossos corações. Quando olhamos em sua direção ela não mais estava, só que de longe muito longe dali soava um canto, uma brisa suave muito suave que por ali passava trazia-nos a mais bela das melodias.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Andantes do deserto

Certo dia um andante encontrou um outro andante sentado em um monte de areia no deserto, ao aproximar-se dele ele chorava copiosamente, sentou-se bem perto dele sem dizer nenhuma palavra, tirou do bornal uma botija de água, bebeu um pouco e passou a botija para o outro andante, ele negou-se a aceitar.
O viajante que havia chegado perguntou: porque não aceitas?
Respondeu lhe então com a voz muito baixa, estou me alimentando com a água das minhas lágrimas, pois elas haverão de purificar minha alma, aí sim eu poderei sentir o doce sabor do perdão de todos os seres que magoei.
O andante que havia chegado deixou a botija bem perto dele e seguiu seu caminho; mais adiante ele encontrou um outro andante cavando um buraco com as mãos, seus dedos já estavam cheio de bolhas pois a areia estava muito quente.
O andante perguntou-lhe: que procuras amigo?
Ele respondeu: estou procurando algum alimento para saciar a minha fome; o andante disse: tenho dois pães posso te dar um e comer outro, só que água eu não tenho pois deixei com um outro andante que chorava para redimir de suas culpas.
Ah! eu aceito pois também deixei com ele, só que a água eu trouxe, ambos comeram os pães e beberam um pouco de água, quando se preparavam para continuar a andar no deserto ouviram uma voz pedindo para que o esperassem, olharam para trás era o andante que antes chorava que agora sorria. Sem dizerem nenhuma palavra caminharam na mesma direção. Quando a tarde caia na imensidão do deserto avistaram bem longe copas de árvores, caminharam ainda bastante, quando lá chegaram realmente era um oasis; muitas árvores sombreavam aquele lugar, entre elas havia uma cacimba de águas cristalinas que brilhavam como o mais perfeito dos diamantes, cansados encostaram nos troncos das árvores, um sono apossou-se deles; quando acordaram, uma melodia sonora de uma lira entoava uma canção tão linda que até os pássaros e o filete de água da cacimba pararam para ouvir.
Os três andantes procuraram entre as árvores de onde vinha tão linda melodia foi quando depararam um mendigo que em uma pedra assava quatro pães, com roupas esfarrapadas, cabelos desalinhados, barbas longas; nem a percebeu da presença dos três andantes.
Quando sua melodia fez-se um grande silêncio o mendigo pegou seu bornal, seu cajado um pedaço de um pão e sem dizer nenhuma palavra pegou o caminho do deserto.
Os andantes ficaram ao redor de uma fogueira que o mendigo havia deixado acesa, cada um comeu um pão, quando terminaram de comer sobrou um pedaço de pão encima da pedra. Ficaram imaginando porque o mendigo havia comido só um pedaço: de repente uma revoada de pássaros aproximou-se bicaram o outro pedaço até o final, em seguida foram até a cacimba beberam água e voltaram para suas árvores; voltou a fazer o mesmo silêncio de antes só que longe muito longe ouvia-se uma lira que tocava e sua melodia juntava-se com o tenor dos pássaros.
"Quando se divide um pão Deus está presente".

sábado, 26 de março de 2011

A árvore ferida

Quando eu era criança, vivia correndo para todos os lados. Tinha uma pequena árvore que eu sempre trombava nela. Certo dia peguei um facão e resolvi cortá-la, assim eu resolveria a minha indignação. Quando fiz o primeiro corte, com estranheza percebi que da sua haste brotou uma pequena quantidade de líquido que variada do incolor para o avermelhado, aquela variação de cores me incomodou pois não parecida água, pareceia mais com lágrimas de um choro profundo. Naquele momento me sentindo arrenpendido resolvi não cortá-la mais. Por muito tempo fiquei sem passar por aquela estradinha, até que um dia coincidentemente eu voltei a passar por alí. Qual não foi a minha surpresa, aquela pequena árvore tornou-se uma frondoza árvore frutífera, sentei  na saliencia de suas raízes, e fiquei pensando como Deus projeta a vida e protege seres inocentes. Olhei para o alto e próximo à um de seus galhos lá estava a cicatriz do corte que eu havia feito, dele brotou uma gota de água. Fiquei embevecido e dos meus olhos caiu uma lágrima. Seus galhos balançaram, uma folha caiu e também um delicioso fruto. Sorri e agradeci à Deus, pois um milagre havia acontecido.